quarta-feira, 18 de julho de 2012

feminismo personalista e a tal 'polícia feminista'


To meio desgastada intelectualmente de tentar entender as confusões recentes do feminismo personalista, ou seja lá que nome podemos dar a ele. Não funciona assim. Agora qualquer grupo privilegiado e indivíduos podem ficar se reivindicando oprimidos e até igualarem-se em condição a outros realmente oprimidos, por qualquer coisa individual que seja, e usarem confusão pra distorcer todo debate, principalmente banalizando e distorcendo a idéia de que 'O Pessoal é Político".  E inclusive pessoas sentindo-se oprimidas individualmente (na realidade muitas vezes, de fato, agredidas egoicamente porque foram chamadas em seus privilégios por alguém que realmente pertence a grupos oprimidos e marginalizados) ou reprimidas (as vezes pela tal 'Polícia Feminista', conceitinho agora em moda pra dispersar qualquer debate e responsabilização pessoal nas nossas merdas, e diluir algo básico feminista que é de que feminismo é uma prática constante de auto-questionamento, reflexão e desconstrução) chegam a criar uma proto-política de identidade em cima disso... tipo agora por exemplo garotas poliamor são um grupo e são oprimidas por lésbicas e sua identidade fixa...!

Deixo aqui uma reflexão de bell hooks para essas garotas, já que não consigo ser ouvida me parece ou manejar direito a palavra as vezes de modo a ser plenamente entendida:


"feminismo como estilo de vida levou à noção de que poderia haver tantas versões de feminismo quanto houvesse mulheres. de repente, a política foi lentamente removida do feminismo. e a noção imperante foi de que não importa a perspectiva política de uma mulher, seja ela conservadora ou liberal, ela pode encaixar o feminismo em seu modo de vida. obviamente tal noção fez o feminismo mais palatável porque traz dentro de si a idéia de que as mulheres podem ser feministas sem questionar e mudar fundamentalmente a si mesmas ou sua cultura. por exemplo, vamos pegar a questão do aborto. se o feminismo é um movimento para acabar com a opressão sexista, então uma pessoa não pode ser anti-escolha e ser feminista. uma mulher pode ser veemente em dizer que nunca escolherá por fazer um aborto ao mesmo tempo em que afirma seu apoio ao direito que as mulheres têm de escolher abortar e ainda ser uma ativista de políticas feministas. ela não pode ser anti-aborto e ser uma ativista feminista. da mesma forma, não pode haver algo como "feminismo de poder" se a visão de poder evocada é poder conseguido graças à exploração e opressão de outras pessoas.

as políticas feministas estão perdendo terreno porque o movimento feminista perdeu definições nítidas. nós temos essas definições. vamos retomá-las. vamos compartilhá-las. vamos começar de novo. vamos fazer camisetas e adesivos de pára-choque e cartões postais e hip-hop, comerciais de televisão e rádio, anúncios em todo lugar e em outdoor, e todo tipo de material impresso que fale para o mundo sobre feminismo. nós podemos compartilhar a mensagem, simples mas poderosa, de que feminismo é um movimento pela eliminação da opressão sexista. vamos começar com isto. deixar o movimento recomeçar." - bell hooks, políticas feministas






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