terça-feira, 17 de julho de 2012

Sobre a morte de Marília no Rio +20 e a relação cultura do automóvel com Patriarcado, por um feminismo ciclista!

completa um mês já da morte de Marília, uma estudante de artes plásticas na URGS, que conheci a uns anos atrás acampando no Vale da Utopia, foi fatalmente atropelada no Rio +20 agora. Essa é uma foto que tirei dela. Foi organizado um ato, houve repressão policial.

Mais uma morte no trânsito. Quantas serão precisas para que essa cultura estúpida do automóvel mude? Os assassinatos nos trânsito por essas máquinas fálicas estão até normalizadas, e a culpa é dos ciclistas? Uma estudante cheia de criatividade, ativa politicamente, com muito a desenvolver, perdemos pessoas assim pra que os carrocratas burgueses sigam fazendo merda como se fosse comum e fosse seu direito conduzir-se assim? Quando haverá responsabilização no trânsito por parte dessas máquinas de matar que são os automóveis? Quando a sociedade vai passar a rejeitar a cultura do automóvel e apoiar verdadeiramente os ciclistas?
 

Devo ainda algo bem escrito sobre cultura do automóvel e patriarcado. Mas por hora, exercício de desconstrução:


- Não existe "Acidente". Existe "Assassinatos" no trânsito.
- O motorista é responsável e assassino, agressor, não o ciclista é um idiota.
- Não existe "O transito está terrível", como se fosse este um evento da Natureza, um desastre ambiental que sempre estivesse existido. O Trânsito - entidade deística - não é um evento natural e as mortes de ciclistas não são mortes naturais por esta entidade descontrolada. Há sujeitos no trânsito, e que o fazem possível. (e este podia até mesmo desaparecer se houvesse recusa a termos um carro, e apoiar as grandes corporações e outras merdas envolvidas e relacionadas).
- Párem de lamentar passivamente assassinatos no transito como eventos fatais da natureza do trânsito, sintam raiva ao invés de lamentar pelo menos.
- Não é uma condição natural da bicicleta a "exposição", com as mortes-assassinatos de ciclistas como uma consequencia de seu próprio estatuto 'vulnerável'.
- As mortes de ciclistas não são causalidades inerentes à condição de vulnerabilidade ciclística. Vocês estão com isso, naturalizando a própria cultura do automóvel, inerentemente esta sim, violenta.
- Responsabilização no trânsito e a idéia destruída de que o espaço público pertence a tod*s, e não é das corporações mundiais do petróleo, vendedoras multinacionais de automóveis, corporações interessadas em produzir mais rodovias, a idéia pelo menos de que o motorista tem que aceitar que tem que dividir a rua com a multiplicidade de sujeit*s e formas de locomoção existentes e não somente a normativa-capitalista-ecofóbica-supremacista masculina do automóvel.
- O ciclista sofre discriminação porque é o "outro" e a diferença no trânsito, querem reagir à diversidade e instaurar a homogeneidade do automóvel, cada vez mais carros na rua e perda da autonomia social.

Politizem a hostilidade no trânsito, gerem o debate, tirem do campo da normalidade e da naturalização. Reajam e exijam compromisso com a locomoção responsável. Politizem o uso da bicicleta, usem a bicicleta como forma de resistência, ocupem a rua, sejam solidári*s com outr*s ciclistas, sejamos visíveis, presentes, eduquemos a sociedade, compartilhemos sobre segurança no trânsito, vamos arriba!


mais sobre isso da supremacia falocrática masculina do automóvel há um post Julie somos todas ou Nossa barricada de duas rodas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário