terça-feira, 17 de julho de 2012

judith butler em como as identidades criam 'novos armários'

Vejam o que sai na "Página 12", um jornal 'progressista' argentino bastante lido (semanas atrás saiu uma matéria sobre as 'trabalhadoras sexuais' estarem se levantando em sua autonomia apesar das feministas abolicionistas fecharem os bordéis dos cafetões, pobres coitados né), uma nota chamada "Sair da Onde?" sobre Judith Butler, teoria queer e outras coisas:

"O quê ou quem é isso que está fora, feito visível completamente manifesto quando e se eu revelo a mim mesma como lesbiana? Que é o que se sabe agora? Algo?... Se proclamo que sou lesbiana, saio de um armário somente para criar outro armário novo e diferente" judith butler


Será que só eu consigo achar que já ouvi isso vindo de heterossexuais e completamente homo e lesbofóbico? As lesbianas vejam só, ao sairem do armário e se assumirem e serem visíveis, criam um novo armário! As políticas de identidade são meras 'caixinhas' e estão 'ultrapassadas', elas são novos armários onde homossexuais, lésbicas e  travestis se metem voluntariamente sabe...


Eu já escutei também em algum lado que, principalmente vindo de brancos, o negro ou a negra quando se reivindica negro ou negra é 'racista ao contrário' ou tá reforçando o racismo. Afinal sabe, 'somos todos iguais'... democracia racial... pior tipo de mansplaining que ja vi...


O que penso é que qualquer discurso que aponta a invisibilidade social de grupos é reacionário. Não importa nome bonito que leve (queer) ou seus autores sejam muito eruditos (butler, preciado, aquela das masculinidades lésbicas, mil outros novos que aparecem sempre). Dizer que as identidades são novos armários é um discurso hetero. O racismo também é querer ignorar que há cores. Esses discursos costumam apelar a um 'voluntarismo' dos sujeitos, exemplo 'o próprio negro se discrimina'. Quem não quer reivindicar uma identidade que já tem porque isso é divisionista assumiu um discurso do sistema e precisa superá-lo. Quem não tem consciencia de sua própria identidade está totalmente vulnerável, e quem não precisa ter essas identidades, que são brancos, heteros e homens, não sabe que é estar vulnerável. Fica ainda mais difícil superá-lo se existem novos discursos pra que as pessoas fiquem disfarçando a realidade de sua opressão. Não sei onde que eu vi dizerem que algo muito comum ao oprimido é negar sua própria opressão, e isso é parte da própria opressão que sofre.


Já deu gente. Não vamos adotar porque agora estão embelezadas ou fica lindo, nos sentimos aceitad@s e ainda me protejo da discriminação e exposição da visibilidade nas instituições homo e lesbo fobicas como a Academia e demais.

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