quarta-feira, 18 de julho de 2012

macharquistas (ou 'homens radicais')

Pessoas, eu queria entender por que eu me sinto agredida por essa imagem abaixo:



Eu vi isso e automaticamente achei um des respeito e uma coisa machista, mas acho que no contexto que vivo bombardeado pelo feminismo póspósposss minha reação seria tachad
a de discriminatória. Aí pensei um pouco, eu não sei se é justo traçar um paralelo, mas assim, minha condição de gênero é bastante opressiva. Chega um macho e faz 'performance' se apropriando dos signos opressivos para mim, impostos por uma sociedade machista, e diz que "gênero não existe" (discurso que faz com que eu seja tachada de essencialista se eu digo que eu o vivo na pele, e que faz eles esconderem privilégio e nos calarem dizendo que 'eles não tem gênero'). Sinceramente, eu acharia agressivo e des respeituoso se eu quisesse 'apoiar' pessoas negras e afro-descendentes e pintasse meu rosto de negro, usasse roupas características de sua tradição e identidade, e posasse com um cartaz escrito "Foda-se a raça", mesmo para apropriação de coisas da cultura de povos originários, e outras. Por que a coisa inverteu e quem é intolerante agora é quem acha esse tipo de discurso abaixo opressivo e sem responsabilização real que era o que esperavamos que homens solidários pudessem fazer, reconhecendo seus privilégios?


De repente meu analise está errado com a comparação entre raça e sexo que pode ser oportunista. Mas ainda assim vou manter aí vocês me ajudam qualquer coisa.

Outra é que esse tipo de vestimenta e tal é construida pelo patriarcado, a própria feminilização, não é parte de uma cultura nossa no caso, mas ainda assim muitas mulheres não possuem escolha senão vestir-se assim, nós feministas ainda escolhemos e com alguma dificuldade, não nos depilar e etc, e algumas que mantemos muitas caracteristicas da feminização e recusamos um feminismo misógino que cria uma cobrança de renunciar a socialização pra sermos "mulheres reais" ou "fortes", e ourta também acho agressivo com travestis e transexuais esse tipo de performance de gênero. Nota-se que o sujeito não está em transição nenhuma, deve ser até mesmo ht, e mesmo que seja gay é um homem gay, memso que queira renunciar a masculinidade eu acho um absurdo porque ele ainda retém privilégio de sua masculinidade, sabe depois ele tira essa roupa toda e é "homem", pra ele eh uma escolha e inclusive um privilégio, fica engraçado, ridículo, etc, e heróico fazer isso, e pra gente nao, a gente nao tem como simplesmente tirar uma roupagem e andar na rua sem ser um alvo ou sermos a categoria social 'violável'. Portar um gênero é semelhante a um estigma, eles não vivem essa condição. Ainda é patético, eles podem se apropriar, achei inclusive misógino sei lá, eu sempre acho agressivo quando homens se vestem de mulheres, é geralmente uma arma de humor normativo a coisa de homens se vestirem de mulher, porque é engraçado, coisa que só reafirma os lugares de sexo existentes.

Ser feminina não é uma escolha. As mulheres ht no mercado de trabalho predatório, que tem que esconder sua orientaçao sexo afetiva, sua masculinização, ou serem obrigadas a serem apresentáveis... não há tanta escolha assim. É muito difícil superar essa socialização. a gente se propôe mas é um processo largo desconstruir. 


A adoção de queer e de performatividade para distrair da posição de privilégio que ocupam por parte de homens libertários é ainda  uma expressão da heterossexualidade masculina, de modo a não perderem seu direito de acesso as mulheres que é a posição básica de privilégio conferida pela masculinidade. Por isso falam que não existe mais gênero. Assim novamente eles podem nos mandar à fogueira por 'excluir' eles... e continuam movendo as garotas umas contra as outras, com o resquício de colonização da feminilidade que resta em todas, que voltam elas em umas polícias do ativismo não divisionista e excludente, do essencialismo feminista.


Pra mim esse ato, vindo de homens que ocupam privilégio, é violação em metáfora e invasão de outro modo, é ainda mesma estética, de apropriação dos corpos de mulheres, e invasão de seus espaços. De minar espaços e encontros onde a existência masculina não seja possível. Também é um modo de apagar as mulheres, de negar lesbianismo tambem e impedir que este apareça para ameaçar eles.

Os homens se sentem mais "livres" se vestindo "de mulher", coisa de quem ocupa posição de privilégio. As pessoas confundem opressão com repressão, e num paradigma liberal tudo vira repressão e agenda de direitos, e até identidades, nao tem mais nada haver com grupos concretamente oprimidos. Parece que agora qualquer coisa pode virar uma identidade ou política de identidade, e reclamar uma agenda de direitos... (até o feminismo totalmente arbitrário de 'cada um com seu feminismo' é um estilo de vida).


O fato da imagem ser "sarcástica" e causar tipo surpresa, tipo como algo anormal, bizarro e até mesmo engraçado ou ridículo, só reforça a construção de que o natural é que ele é homem. Essa imagem nao desconstrói nada. Só reforça privilegio masculino. Heterossexuais sempre fazem festas de trocar roupa, sempre vira uma coisa reaçionária pra quem já foi em uma, inclusive homo e lesofobica, com as garotas hetero fazendo estereotipos grosseiros das mulheres lésbicas e masculinizadas, e os caras que se fazem de gays e depois no outro dia voltarão a ser homem, sabe tudo aquilo é só "zoera", a heterossexualidade está garantida... pra quem é bicha e sapatão isso não é uma comédia, a gente não tem conformidade de gênero já, e isso não é engraçado, pra eles é. Essa é a diferença. Isso é sobre o que privilégio e tê-los é.

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