quarta-feira, 18 de julho de 2012

+ sobre porno e colonização da comunidade lésbica


não existe nenhuma possibilidade de sobrevivência das mulheres e lésbicas por meio da pós-pornografia e pornografia, ou da terrorpornografia ou o que seja. Essencialmente a pornografia é degradação da mulher e do Outro, não existe nenhuma possibilidade de recriar-nos e a nossa sexualidade colonizada e tomada, nossos corpos e imaginários tomados, depois de séculos de violências e violações racistas brancas e de atrocidade masculina, por meio da pornografia. A pornografia destruiu a comunidade lésbica, como queria o patriarcado. Você não pode esperar nenhuma solidariedade ou amor de uma outra mulher, o patriarcado re-semeou o ódio entre as mulheres, a heterosexualidade. A ética e a estética da pornografia é a negação do outro em sua fundação. Nâo existe mais nenhuma definição própria da lesbianidade que reste, que não seja a patriarcal e não a da comunidade mulheres, a definição de que eramos sobre resistência coletiva ao heteropatriarcado e cumplicidade entre mulheres, a unica definição que restou é a masculina, de que somos sexo.

Quando me mostrem sites de pornografia feminista europeus, é isso que penso da apropriação da pornografia, um instrumento de dominação patriarcal. Não tenho interesse de me apropriar nem da pornografia, nem da prostituição, nem do escravismo, nem do Estado, nem das leis, não tenho interesse em ressignificar nada que tenha sido criad* pelo patriarcado, tenho interesse em criar novas coisas. Acho uma distração. Já não há esperança de encontrar na comunidade feminista qualquer relação profunda entre nosotras, de conhecimento mútuo profundo, proteção, segurança, a pornografia tornou as mulheres sozinhas e isoladas outra vez uma das outras. A comunidade lésbica não significa mais nada sobre ética de amor entre mulheres, de construir um mundo diferente.  Devemos ao feminismo liberal individualista queer burguês e sua libertação sexual lésbica que agora nossa comunidade já está livre do compromisso entre mulheres anti-poliamor.

a gente já não pode rejeitar essencialmente e radicalmente a violência e a degradação, a gente só pode negociar, com as armas e linguagem patriarcais e capitalistas, do consentimento, do consenso, consentimento em degradar-me ou degradar o Outro. Não existe construção de relação igualitária. Eles são os verdadeiros essencialistas, ao dizer que a sexualidade é essencialmente degradação e só nos resta negociar, com palavras seguras, para sobrevivermos por meio desse sexo. Tudo é resumido a um contratualismo liberal sexual, abolir formas de sexualidade opressivas não é possível.

Esta é uma questão ética, não  é uma questão privada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário