segunda-feira, 11 de junho de 2012

Gênero como discurso institucional braço do genocídio ecológico e biodiversidade

Quero desenvolver um pensamento elaborado sobre isso porque acho que há uma conexão quase umbilical entre os discursos pós-modernos e de gênero e a cegueira para a violência da globalização e colonização tecnológica que estão fodendo (literalmente, já que o Patriarcado se expressa pela violação simbolica, institucional e materialmente) nossas biodiversidades, países, gentes, bichinhos, plantas, florestas, recursos naturais de nossa necessidade, terra, e "países" (conceito nacionalista ruim, mas se entenderem como territorialidades está bom já). Acho que me faltam ligar as peças, e também talvez conseguir lograr uma visão mais "holística" (como fala Marti Kheel) e integrada de todos fatores.

Algumas autoras mais contemporâneas que teorizam o Ecofeminismo me parecem boas (o ecofeminismo mais político é o que mais me ressoa, mas também gosto do ecofeminismo da 1a onda, das deusas e mitos e da compreensão simbólica mulher=natureza, que chamam de essencialista e até diferencialista, gosto de cacilda rodrigañez bustos também, mas esses tem uma compreensão bem geopolítica que me abre a cabeça toda vez que leio) ops, continuando depois desse enorme parênteses, são Maria Mies, Vandana Shiva e Marti Kheel, a primeira alemã, envolvida com os incidentes de Tchernobil e a resistência do ativismo alemão contra as usinas nucleares e que fala do papel dos movimentos de mães (é tremenda essa feminista! consigam algo dela vale muito a pena, há um texto dela num livro chamado Feminismo Alemão ou algo assim), a segunda indiana e a terceira é pioneira do feminismo vegano, unindo os temas, primeira que deu uma virada na mesa dos ambientalistas e animalistas masculinistas e uniu ecofeminismo com a ética animal... escreveu também sobre medicina ocidental alopática e sobre éticas holísticas.


Eu não consigo ver como o discurso de gênero pós-moderno pode nos ajudar a resistir a invasão dos transgênicos, à biopirataria, que valore saberes originários e cura com plantas, que resista frontalmente aos ataques aos corpos das mulheres por meio da engenharia genética voltada para os hormônios, a hormonização das mulheres, as políticas de controle reprodutivo racistas e imperialistas aplicadas as mulheres negras e pobres de 3o mundo, os testes farmacêuticos realizados em pessoas terceiromundistas e negras e de cor e que seguem sendo testados, os governos que os respaldam, as políticas de saúde que respalda isso tudo, a invasão dos corpos das mulheres com essas merdas, a guerra verde e o capitalismo verde, o imperialismo verde de Monsanto e outras e o aprofundamento dos latifundios e da violência no campo. Por que?

Por que essa gente não pode se contradizer. Eles dizem que tudo é agência e escolha individual, e que criticar essas tecnologias é monitoramento e polícia feminista. Eles respaldam essas tecnologias, dizem que gênero é uma, e que não há algo como uma Natureza, que é um discurso, que não vivemos de modo natural (e por acaso eu pude escolher outro modo de viver senão invadida pelos produtos sintéticos? Onde nasci?) então como vamos falar em agressão ambiental, em uma lógica orgânica, inerente, natural, na vida? Se tudo é discurso? Anomalias genéticas, cânceres, também são uma interpretação? É um discurso sobre a Natureza dizer que as tecnologias impôem risco a saúde sexual e reprodutiva? As tecnologias reprodutivas empoderam as mulheres? Corpos são próteses, "todas fomos cirurgiadas"?

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