segunda-feira, 11 de junho de 2012

Prostituição

A Prostituição não pode ser pensada fora do marco patriarcal e do poder masculino. Não venham me trazer o zine da mina queer do 1o mundo 'puta' livremente escolhida, não importa se as grandes mídias hegemônicas ou supostamente alternativas, ou sujeitos individuais encontram casos individuais de sujeit@s que se sentem empoderad@s na sua atividade sexual ou fonte de "renda" somente possível em um marco machista, porque no seu caso pessoal não faz x ou y coisas no sexo com o cliente. porque tem uma margem de poder muito suspeita, etc etc... Nenhuma prostituição pode ser pensada fora do marco masculinista. Aí eu leio o fanzine queer da experiência da garota que escolheu ser prostituta (e não é um garoto, né!) e ela escolhe seus níveis de subordinação... por exemplo trabalhar sendo fotografada, de repente porque o dano não é tão físico e não estão te tocando diretamente, mas está inquestionado aí que as lentes ainda são masculinas. Que o lugar social dessas lentes é masculino. Que quem vai consumir seu corpo em imagens são homens. Que mesmo que alguém não pertencente a classe masculina consuma seu corpo em imagens, não significa que lésbicas ou mulheres estão coletivamente empoderadas nem sexualmente empoderadas, nem  a nível individual nem coletivo, de poder consumir imagens de outra pessoa subordinada. E principalmente, que não estamos construindo nenhuma sexualidade de igualdade, que é uma transformação substancial na condição em que vivemos a sexualidade, e nossa vida coletiva como mulheres, para além do privilégio privado de exercer qualquer prática específica e ignorar sua estética racista, branca, supremacista masculina, emfim, colonizada. Elas vendem as calcinhas delas no Ebay, mas os que compram ainda são homens. Quem tá dando o dinheiro "livre" dela é um macho, e não o contrário. Prostituição não é empoderante. Nem no nível da auto-ilusão individual.

Na prostituição não se vende um produto de um trabalho, se vende a própria disposição do corpo, a apropriação não é do trabalho e sim do corpo, como no antigo sistema escravista, o escravo era posse do senhor. A prostituição é um modo específico de servidão que não é nem a assalariada, nem o trabalho informal explorado, nem o escravismo nem a vassalagem antiga. É um fenômeno ligado ao Patriarcado e a subordinação da mulher, não pode ser entendido fora da política sexual e das relações de gênero. Ela é sobre relações de gênero, não é sobre trabalho. Não confundam, prostituição não é como um trabalho, o trabalhador entrega para o Capitalista seu trabalho, que é totalmente desumano, ficando toda vida até a morte aumentando lucros de uma empresa trabalhando pra alguém ao invés de trabalhar para si. Esse é o sistema em que vivemos e nos quais vocês estão metidos, fazendo uma faculdade, no corre pra sobreviver e usando essa página, consumindo. A prostituição não é a entrega do trabalho, é uma relação monetária onde uma pessoa pode dispôr de meu corpo, em geral uma pessoa em posição socialmente masculinizada, e nenhuma prostituta sobe de cargo ao final da vida, vê melhorias, reconhecimento social, a não ser umas poucas estrelas de mídia de mercado alternativo de pessoas modernas com dinheiro pra consumir essa cultura alt. Que veem aí, de repente, algum ideal de liberdade liberal individualista que as construiu no seio da mesma sociedade de consumo onde estão metidas.

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