quinta-feira, 14 de junho de 2012

Processo de Responsabilização? Separatismo do it better!

Na antiga política feminista... se você estava com um agressor... as mulheres podiam estar no âmbito da escolha. Escolher se separar totalmente do agressor, desidentificar-se dele, de projetos conjuntos, de um espaço... formar o próprio. Começar nova vida. Descolonizar-se da misoginia, da heterossexualidade se possível... Hoje com o papo queer, os agressores devem sofrer um "processo de responsabilização" e serem até mesmo perpetuados num espaço politico... a menina não vai mais ser estimulada a terminar esse vínculo e buscar seu próprio espaço político com outras mulheres... elas podem reformá-los, com o processo de responsabilização. Vamos agradecer outra vez a nossa querida revolução queer, que tanto nos libertou da tirania do feminismo "policial" que criticava as práticas prejudiciais às mulheres e recuperou o direito das instituições de erotizá-los com seus veículos hegemônicos, ops, direitos privados de consumir tais produtos sociais colonizatórios, racistas, classistas, branco e cooptadores de movimentos críticos.


Vamos recuperar a lição das separatistas: homens só vão mudar individualmente com a perda da relação, com a perda do acesso às mulheres. E coletivamente, com a separação das mulheres com relação à eles, construindo comunidades de mulheres. É nisso que eu ainda aposto, ainda que vocês me chamem essencialista por isso. depoimento de uma garota sobre como "processo de responsabilização" existe pra manter privilégio masculino de homens dentro de comunidades políticas... óbvio. Há quanto tempo as feministas não vem falando que não existe essa de "tratar" violência doméstica com terapia? Quem que ia acabar revivendo esse tipo de modelo violento pras mulheres, senão as tais "comunidades 'radicais' queer"...

Para o grau de difusão dessa literatura, principalmente pelas supostas alternativas radicais que são os movimentos de consumo alternativo de classe média que é o punk veganista queer anarco misógino, que ando vendo, precisava um post bem longo. E vai sair

Para quem quiser ver, eu vou upando algumas coisas que vejo na internet de sobreviventes nessas comunidades relatando suas experiências de segundo abuso com esses "processos de responsabilização" (vejam que esses anarko criticam sistema judicial falam que é segundo abuso com sobreviventes enfrentá-lo, porque são contra a polícia, coisa que certamente também sou, mas ninguém tá discutindo o abuso que é pra sobrevivente ser pedida para não "estereotipar" seu agressor, e as energias invertidas em responsabilizá-lo...) Vejam Accountability Process Disaster e o texto de Tamara Kooper, Espaços Ativistas não são Espaços Seguros para Mulheres.

Feministas amadas, a história do feminismo é que nós rompemos nos anos 70 com a esquerda. As feministas negras romperam com os Panteras Negras. As feministas sempre vão radicalizar e firmar seu movimento autônomo. Até as anarquistas da 1a onda fizeram isso, elas eram auto-organizadas. Chega de trabalhar pra esquerda. Chega do papel materno. Abaixo a heterossexualidade obrigatória. Vamos formar comunidade entre mulheres.

O problema da violência nas comunidades políticas tem haver com algo estrutural. A esquerda ou movimentos progressistas em geral (por isso entendo e inclui todas experiências políticas ou ativistas ou militantes mistas que sejam contra um regime político dominante) falham em algo inicial, que é que sempre vão tomar, por algum tema de privilégio masculino, o tema do sexismo como algo complementário, num ambito reformista, e quando tomam coomo algo estrutural é como um discurso, na prática eles nunca soltam as tetas das mães, nós mulheres, e as mulheres nunca deixam desse papel materno e de donas da casa e nunca deixam de trabalhar pra eles, por isso se atraem pela proposta de reformar os agressores, ao invés de fazer o luto de uma identidade e espaço político para inverter energia na construção das próprias comunidades feministas e de mulheres. O poder masculino só vai aprender perdendo acesso as mulheres, o Estado nunca vai conceder nossa libertação assim como os homens não vão dar nossa liberdade, só nossa autonomia pode nos dar. Já quanto a violência nas comunidades feministas e lésbicas, esse é um capítulo a parte... mas sempre me parece sintoma de auto agressão e coisas que invisibilizam são ao mesmo tempo nossa falta de éticas feministas, mas também nosso extremo essencialismo otimista as vezes.

O poder masculino só vai ser desconstruido por meio da perda do acesso as mulheres, onde se baseia seu privilegio, e não pela educação, porque não queremos mais ser educadoras nem nutridoras. Nao vai ser desconstruido por performance de gênero, que só oculta ainda mais os privilégios, senão é mais uma expressão do privilégio masculino, porque só os homens podem nesse sistema político, identificarem-se com a feminilidade, categoria criada pela supremacia masculina e categoria opressiva, como uma forma de "liberação" ou como empoderamento, é um privilégio masculino transitar e a nova versão liberal do feminismo é pensar que podemos também ter os privilegios deles, transitando adquirimos poder nenhum tampouco e nao passa duma ilusão de empoderamento e nojo do espelho, porque somos mulheres, um coletivo específico nao uniforme, mas sim coletivamente afetado por um traço compartido. nao reconhecermo-nos como mulheres nao ajuda em nada no 1o passo que é ganhar consciencia de classe para mover coletivamente por uma transformaçao estrutural, individualmente não reconhecer como mulheres pode nos deixar mais tranquilas, mas coletivamente parece a repetição da história de desidentificar-se da mãe subordinada, fonte de vergonha pra filha rebelde.

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